EDIÇÃO ESPECIAL DO CANTINHO!!!

CONHECENDO UM POUCO SOBRE A MÚSICA: AQUARELA

Ao folhear um álbum de família antigo, passando pelas fotos envelhecidas pelo tempo, podemos reconstituir a história de uma pessoa.
A primeira vez que abriu os olhos e no sorriso de sua mãe se sentiu seguro; a primeira vez que andou até os braços ansiosos de sua mãe; a primeira vez que ficou de castigo por ter rabiscado as paredes de sua mãe; a primeira vez que se separou de sua mãe para ir à escola; a primeira vez que disse “eu te amo” para sua mãe; a primeira vez que ficou triste por ter brigado.
E, então, a infância vai embora. Você cresce. Surgem as primeiras escolhas: a primeira vez que você chega tarde, deixando sua mãe acordada; a primeira viagem que você faz sem sua mãe, deixando-a com o coração na mão; o primeiro namoro, deixando sua mãe enciumada; o primeiro emprego, deixando sua mãe orgulhosa.
E, então, a adolescência vai embora. Você amadurece. Surgem os primeiros projetos, as primeiras conquistas, as primeiras perdas, o primeiro amor, o casamento.
E, então, sua mãe fica sozinha. O tempo já não é suficiente, parece correr. Já não a vê com frequência. Quando, então, nasce seu primeiro filho. Sua mãe não se contém de tanta felicidade, voltou a fazer parte de sua história.
E, então, com seu primogênito, o ciclo se renova. E você e sua mãe se tornam fotos envelhecidas em um antigo álbum de família...

Essa poderia ser a narrativa da minha vida, da sua ou de qualquer outra pessoa. E é justamente esse o tema abordado, com tamanha sensibilidade, na música “Aquarela” do nosso querido Toquinho, a vida.

Em 1982, o cantor, compositor e violonista Antonio Pecci Filho, mais conhecido como Toquinho, criou a música “Aquarela”, em parceria com Maurizio Fabrizio e Guido Morra, com contribuição de Vinicius de Morães.

Em seu site oficial ele fala sobre a música: “(...) É uma letra mágica: desperta a criança que carregamos dentro de nós, reforça o romantismo da amizade, aviva as delícias de se ganhar o mundo com a rapidez moderna, e, por fim, nos alerta para o enigma do futuro que guarda em seu bojo a implacável ação do tempo, fazendo tudo perder a cor, perder o viço, perder a força”.
Antes da versão em português, o disco com a música “Aquarello” (originalmente escrita em italiano), esgotou no segundo dia: “(...) Fui o primeiro artista brasileiro a ganhar um Disco de Ouro na Itália – 100.000 cópias, como aqui. Virei artista popular fora do Brasil!”.
Não tardou para sair a gravação da música, agora, em português: “(...) Saiu aqui e foi outro estouro igual. Na Espanha, a mesma coisa. Na Argentina, na França, em todo lugar. Aqui no Brasil virou tema de publicidade, tarefa de escola para a criançada, e até hoje é exigida e cantada nos shows, como na época de seu lançamento.”
 “Aquarela” foi um marco em minha carreira, como seria na de qualquer outro – continua Toquinho. – Uma coisa definitiva na vida de um compositor. “Aquarela” é uma música que tem algo melhor, quem sabe a força da ingenuidade infantil ligada a um encanto popular que emociona. O primeiro acorde já levanta as pessoas. Consolidou-me, tanto na Itália como aqui, na América do Sul e na Europa. A partir daí as pessoas me reconheceram também como instrumentista, tornei-me popular.

                                                           (Site oficial: http://www.toquinho.com.br/)





ENTREVISTA: A “AQUARELA” DE TOQUINHO

1) Então, como em uma folha branca de papel, nasce Antonio Pecci Filho. Quais são suas lembranças preferidas da infância? Do que sente falta?
Toquinho: Vivi minha infância no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Rua Anhaia, onde todos se conheciam. Cadeiras nas calçadas, fogueira de São João, brincadeiras de rua, jogo de botão, futebol nos campos da várzea. Foi nesse ambiente de pessoas simples e humildes que se formou o homem que sou hoje.

2) Porque começaram a chamá-lo de “Toquinho”?
Toquinho: Extremamente carinhosa, minha mãe passou a me chamar de “meu toquinho de gente”. E o chamamento se alastrou entre as pessoas da família, daí para os amigos, e assim se perpetuou.

3) Em seu site oficial, eu descobri que era sempre o primeiro aluno da sua turma. E que também era muito criativo. Você tinha o hábito de ler livros? Qual é o seu livro preferido?
Toquinho: Minha criatividade nasceu e se desenvolveu longe dos livros. A intuição prevaleceu diante da leitura. Os sentidos privilegiaram meus conhecimentos e a vida se encarregou de aprimorá-los.

4) Da mesma forma que o lápis desenha livremente no papel, nós também somos livres para fazer nossas escolhas. Algumas certas, outras erradas. Você algum dia sonhou em ter outra profissão? Acredita que a música foi a escolha certa?
Toquinho: Desde os primeiros contatos com o violão senti que a música seria meu caminho definitivo. Amo o que faço em todos os sentidos.

5) Nos versos: “Se um pinguinho de tinta, cai num pedacinho azul do papel, num instante imagino, uma linda gaivota voar no céu”, vemos a capacidade das crianças de transformarem algo ruim em algo belo. O universo infantil é marcado por magia e sonhos. Quando adultos, perdemos um pouco da magia e, por vezes, esquecemos de sonhar. Quando você olha para trás fica satisfeito com sua trajetória? Ou ainda se sente inquieto, com algum sonho para realizar?
Toquinho: Agradeço todos os dias a trajetória que a vida me ofereceu e eu aproveitei com dedicação. A música me proporciona emoções que vão além do simples prazer de exercê-la. Amigos, lugares, a energia do público, a dinâmica dos shows, os momentos da criação musical, tudo isso é consequência de uma profunda simbiose com o violão, grande protagonista de minha vida. Meus sonhos certamente se completarão com a participação dele.

6) “E o futuro é uma astronave Que tentamos pilotar Não tem tempo, nem piedade Nem tem hora de chegar Sem pedir licença Muda a nossa vida E depois convida A rir ou chorar”, esses versos são os meus preferidos. Com suas letras você toca o coração de muitas pessoas de várias idades. Conte um pouco sobre o processo de composição de suas músicas. Você tem um cantinho especial? Tem alguma hora específica do dia em que tem mais ideias? O que lhe inspira?
Toquinho: Não há lugar nem hora determinados. Estudo violão todos os dias durante horas, improvisando e aprimorando detalhes. Nesses momentos surgem melodias e eu aproveito. Os temas poéticos nascem do cotidiano, da vivência e da convivência com as pessoas e com as diferentes emoções.

7) Sei que não é justo fazer essa pergunta, mas de todas as suas músicas, tem alguma especial, que você mais goste?
Toquinho: Poderia responder que são como filhos, gosto de todas. Mas há sempre aquelas que emocionam mais, ou pelo momento em que foram criadas ou pela aceitação do público. “Tarde em Itapoan”, “Regra três”, “O filho que eu quero ter”, “O caderno”, “Que maravilha”, “Escravo da alegria”, “Canção pra Jade”, e tantas outras...

8) Do que você viu da vida, de todos os lugares que conheceu, das pessoas que compartilharam momentos com você, qual a mensagem que gostaria de deixar aqui, no blog do “Cantinho para Leitura”?
Toquinho: A vida vale pela ambição de ser tranquilo, mais do que ser feliz. O amor, o trabalho, a família e os amigos nos conduzem para isso. Mas o autoconhecimento é o que harmoniza todas essas condições para que entendamos a felicidade como algo passageiro, fugaz e lindamente necessária para atingirmos a tranquilidade. 

                   O “Cantinho para Leitura” gostaria de agradecer a generosidade do compositor Antonio Pecci Filho em nos honrar com suas palavras. E também, por fazer diferença na vida de milhares de pessoas com suas músicas que tanto comovem.

                   Um agradecimento especial à equipe do Circuito Musical e a João Carlos Pecci (irmão do Toquinho), que tornaram possível a realização desse sonho.

Para conhecer a letra da música Aquarela visite:

2 comentários

  1. Gostei muito! Amo músicas e adoro descobrir os sentimentos e as histórias que se escondem por trás das composições. Essa,especificamente,tocou na minha alma.

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  2. Oi Lili,
    acho que você conseguiu entender exatamente a emoção que essa música me despertou. Eu acredito que os compositores também são contadores de histórias, pois suas letras traduzem o sentimento que transborda de seus corações e alma.
    Beijinhos.
    Cila - Leitora Voraz.

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