Resenha do Livro: O Tempo Desconjuntado - Editora Suma

Boa noite Leitores do Cantinho!!!!

Hoje tem mais uma resenha da Duda. Ela falou sobre o lançamento de 2018 da Suma, um livro inédito no Brasil do aclamado autor de sci-fi Philip K. Dick: "O Tempo Desconjuntado".

E mais uma vez ela pediu para vocês não lerem a sinopse!!!!

Livro: O Tempo Desconjuntado
Autor: Philip K. Dick
Editora: Suma
Páginas: 272
O Cantinho Indica: 4/5   

O Tempo Desconjuntado!!!

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Sinopse:

Com edição especial em capa dura e projeto gráfico arrojado, uma obra inédita de Philip K. Dick chega ao Brasil, trazendo um retrato único da construção do medo, da desconfiança e da própria realidade. Ragle Gumm tem um trabalho bastante peculiar: ele sempre acerta a resposta para um concurso diário do jornal local. E quando ele não está consultando seus gráficos e tabelas para o trabalho, ele aproveita a vida tranquila em uma pequena cidade americana em 1959. Pelo menos, é isso que ele acha.  Mas coisas estranhas começam a acontecer. Primeiro, Ragle encontra uma lista telefônica e todos os números parecem ter sido desconectados. Depois, uma revista sobre famosos traz na capa uma mulher belíssima que ele nunca tinha visto antes, Marilyn Monroe. E para piorar, objetos do dia a dia começam a desaparecer e são substituídos por pedaços de papel com palavras escritas, como “vaso de flores” e “barraca de refrigerante”. A única alternativa que Ragle encontra para descobrir o que está acontecendo é fugir da cidade e de todos esses acontecimentos bizarros, contudo, nem a fuga nem a descoberta serão tão fáceis quanto ele imaginava.

Confiram a Resenha!!!!!!! 

 RESENHA: O TEMPO DESCONJUNTADO

   Como escolhi esse livro? Eu precisava ler algo novo, diferente. Então resolvi me aventurar em um gênero que não conheço: ficção científica. Sem nenhuma referência, me baseei apenas na sinopse e na capa que chamou minha atenção. E que sorte a minha, pois o autor é muito criativo. Fiquei realmente impressionada com o quão longe a mente dele foi, considerando a época em que escreveu o livro, 1959. E para minha surpresa, descobri que Philip K. Dick é renomado e premiado nessa área, considerado um dos principais autores de sci-fi. E que clássicos do cinema como “O Vingador do Futuro” e “Minority Report: A Nova Lei” são adaptações de suas obras. 

    Tudo começou com um dia na vida da família de Vic. Ele trabalhava no Supermercado Lucky Penny. Eram tempos difíceis. Todos temiam uma depressão. Os democratas afirmavam que a economia iria quebrar naquele ano. Sua esposa Margo estava atrasada. Ela e outras mulheres estavam elaborando uma petição para o Departamento de Saúde, pois estavam preocupadas com seus filhos. Eles sempre iam brincar, depois das aulas, em terrenos baldios próximos. Por isso estavam pedindo à Prefeitura que limpasse os locais, que estavam cheios de materiais abandonados que eram perigosos e poderiam machucar as crianças ou causar acidentes. Ainda assim, ela se preocupou com seu irmão Ragle que trazia no rosto uma expressão de exaustão. 

    Ragle Gumm era o campeão nacional do Concurso “Onde o Homenzinho Verde Vai Aparecer Agora?”, produzido pelo jornal Gazette. Era conhecido por todos por acertar a resposta a dois anos seguidos. Uma verdadeira celebridade. Era assim que ele se sustentava. O que por muitos poderia ser considerado “sorte”, era na verdade um trabalho de horas de dedicação. Ele não tinha vida. Morava com sua irmã e ficava até tarde da noite fazendo cálculos, estudando tabelas e gráficos. Diariamente tinha que enviar uma resposta e ainda compilava todos os seus estudos para servir de consulta para o concurso do dia seguinte. Ele tinha um talento para enxergar o padrão. Mas a pressão de não poder errar, já dava sinais de que ele não estava bem. Ainda assim, algo o impedia de parar. Era como se ele precisasse fazer isso, como se todos dependessem de que ele fizesse isso.

    Foi quando aconteceu. Seu cunhado Vic teve uma experiência sem explicação que o deixou inquieto. E logo em seguida ele foi vítima de um novo episódio. Contando esse, já era a sexta vez que acontecia. Tudo ao seu redor perdia a perspectiva e desaparecia, incluindo as pessoas. Quando terminava, estava de volta no mesmo lugar, com apenas uma evidência que parecia não ter sentido. Ele estava ficando louco? Ao mesmo tempo, todos pareciam saber seu nome e exatamente quem ele era. Seria por causa do concurso? Ou tudo fazia parte de sua psicose? Para piorar a situação, seu vizinho Bill Black vivia aparecendo na casa deles sem ser convidado. E sua esposa June era uma tentação. Ele sabia que não deveria olhar para ela, mas se sentia atraído. Além disso, a Defesa Civil estava recrutando os moradores para ensinar táticas de sobrevivência em caso de uma nova guerra. Eles precisavam estar preparados. 

     Philip K. Dick montou o quadro de uma família americana que vivia no ano de 1959 e das pessoas que funcionavam ao redor dela. A ambientação foi muito bem colocada a ponto de lembrar a fotografia dos filmes que retratam essa época. A primeira vista, não sabemos do que se trata o enredo e muito menos aonde o autor pretende chegar. Temos apenas a apresentação dos personagens imersos em seus cotidianos. O que deixa o livro um pouco parado nessa parte inicial. E por esse motivo, confesso que subestimei sua intenção. Não caiam na mesma armadilha, foi tudo proposital. Cada cena, cada pessoa tem sua importância e tudo, eu repito “tudo” faz parte de algo muito maior do que podemos enxergar. 

    Basicamente podemos resumir esse livro em três perguntas: “O que está acontecendo?”, “Como?” e “Por Quê?”. 

      Para responder a primeira pergunta, sem alarde e de forma muito simples, nos pegando desprevenidos, o autor questiona a realidade. Tem algo errado. Coisas estranhas estão ocorrendo com Ragle, mas ninguém sabe. Até que seu cunhado Vic é vítima de algo parecido. Ele não pode mais ignorar. Os episódios possuem relação? Fazem parte do mesmo fenômeno? Ou serão alucinações? Ao mesmo tempo em que o personagem luta para desvendar o que está acontecendo, pequenas pistas do outro lado dessa história começam a ser lançadas, provando que nada é o que parece ser! 

      E novamente de forma despretensiosa, ele introduz seu sobrinho Sammy na trama, que inocentemente faz uma descoberta. E o que era apenas uma aventura de criança vai desencadear um gatilho na mente de Ragle e o impulsionar a fugir. Do que ele está fugindo? Por que ele precisa sair dali? Nesse momento a trama ganha fôlego e vamos ter um vislumbre de como os eventos se deram e de como eles estão sendo contornados. Mas não há nenhuma certeza de com o que ou com quem estamos lidando. E muito menos do porquê. Entretanto, achei que faltou algo nessas cenas. Eu não senti que o personagem estava correndo perigo, embora acredite que o cenário armado pedia exatamente essa emoção. Da mesma forma, quando todo o mistério foi revelado, não houve o impacto que eu esperava. 

   Então tenham em conta que é um livro mais leve no quesito de ação na hora das revelações. Mas no que se refere ao campo da ideia, sem sombra de dúvida o que o autor fez aqui é extraordinário, principalmente se levarmos em consideração o ano em que o livro foi escrito. Pode não ser um conceito novo para a minha geração, que já teve contato com obras inspiradas no autor, e outras de igual talento que vieram depois, e, portanto, não nos surpreenda tanto. Mesmo assim, vale a pena. Torcendo para que a editora traga mais livros de Philip K. Dick.

Beijos.

Duda.

(Resenha da Maria Eduarda)

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