Boa noite Leitores do Cantinho!!!!
O Vencedor do Goodreads é uma coluna fixa do Cantinho para vocês conhecerem alguns livros vencedores do Prêmio Goodreads Choise Awards. Como o resultado é liberado apenas em dezembro, as resenhas serão postadas sempre no ano seguinte.
E hoje no Dia Nacional da Consciência Negra, trouxemos o vencedor da categoria Debut Novel (Novela de Estreia): "Na Corda Bamba", da autora Kiley Reid!!!!
Esse é o primeiro livro da autora, que foi muito bem elogiado pela imprensa e indicado ao Booker Prize 2020.
Ele também foi indicado pelo Clube do Livro da Reese Witherspoon.
E vai entrar na nossa coluna: Projeto Fale, por retratar o racismo estrutural. Vamos mais uma vez romper esse silêncio!!!
Não percam a resenha da Bel!!!!
Sinopse:
Certa noite, num supermercado de um bairro rico, Emira Tucker, uma jovem negra que trabalha como babá, é abordada por um segurança que a acusa de ter sequestrado Briar, a garotinha branca que está com ela. Uma pequena multidão se reúne, alguém faz um vídeo da situação e a comoção só termina quando o pai da criança aparece. Alix, a mãe de Briar, fica chocada com o ocorrido. Bem-sucedida e dona de uma marca envolvida na luta pelo empoderamento feminino, ela decide que Emira merece justiça e resolve fazer de tudo para que isso aconteça. A própria Emira, porém, só quer deixar a história para trás. Aos 25 anos, trabalhando sem carteira assinada e prestes a perder o seguro-saúde, ela está às voltas com os desafios da vida adulta e a última coisa que quer é ser exposta pela divulgação dessas imagens. Mas, quando uma parte do passado de Alix vem à tona, ela e Emira são confrontadas com verdades que podem mudar para sempre o que elas pensam uma sobre a outra e sobre si mesmas. Um romance essencial para os tempos atuais, Na corda bamba fala sobre como o racismo e o privilégio afetam as relações interpessoais no dia a dia. Com uma narrativa vibrante e provocativa, é também uma reflexão sobre como a necessidade de “fazer a coisa certa” pode nos colocar, às vezes irreversivelmente, no caminho errado.
Confiram a Resenha da Bel!!!!!!!
“Na Corda Bamba” foi diferente de tudo o que eu esperava. Provavelmente vocês viram na capa e leram na sinopse que essa é a história de uma babá negra que ao entrar em um supermercado com Briar, a garotinha que ela ajudava a criar, é acusada de seqüestro. E isso só aconteceu por causa da cor da sua pele.
Pronto. Eu pensei que a partir desse episódio, teríamos uma grande discussão e um espaço para falarmos sobre racismo, no desenvolver da luta de Emira. Mas não foi assim. Emira não queria lutar, muito menos se defender. Ela só queria que tudo isso desaparecesse. Estava preocupada com a repercussão que poderia ter em sua vida, no relacionamento com sua família e inclusive em seu trabalho, do qual dependia para viver.
Na verdade, a história tomou outro rumo. Vamos ver a Sra. Chamberlain, mãe de Briar, preocupada com sua imagem, insegura sobre o que precisava fazer e falar para não perder Emira e para não ser considerada racista. Teremos também um assunto que foi novidade para mim: o fetiche racial. E ainda sutilmente o racismo estrutural e a distinção de classes. Aqui aviso que foi bem sutil mesmo, nenhum desses assuntos foram desenvolvidos a fundo.
Eu só fiquei surpresa com o caminho que a autora escolheu, pois em vários momentos, a impressão que temos é que esse livro não é sobre a Emira, e sim sobre Alix Chamberlain, para quem ela trabalha. Não sei se foi proposital, mas o protagonismo predominante é de Alix, em minha opinião.
O enredo vai falar, por um lado, de como a relação com a Sra. Chamberlain muda depois do que lhe aconteceu. Por outro lado, vai falar do namoro com o rapaz que ela conhece no mercado, naquela mesma noite, e reencontra por coincidência depois no metrô. O interessante é que nessa hora, pareceu que o tempo todo Emira estava no meio desses dois personagens, sendo tratada por ambos, como um objeto de desejo, e não como uma pessoa de verdade. Como uma espécie de projeto. Foi surreal. Eles pareciam até obsessivos. Há um pequeno mistério envolvendo os dois. Não gostei deles e acredito que ambos estavam errados, em vários momentos, até quanto tinham boas intenções. Uma pena que o desfecho deles foi sem nenhuma mudança.
Agora finalmente sobre Emira. Ela estava à deriva. Todos em sua família, amigos e conhecidos, sabiam o que queriam da vida e estavam encaminhados em empregos que lhe dariam um futuro. Ela se dividia em dois empregos temporários e mal pagava as contas. Não podia bancar as saídas com suas amigas. E sofria vendo o crescimento delas, ao mesmo tempo em que estava estagnada e não enxergava um meio de virar o jogo. Gostei muito de a autora ter abordado essa situação. Pois nem todos “dão certo”, nem todos têm uma direção para seguir. Não é fácil conquistar o mundo e se dar bem. Não existe uma fórmula para conseguir terminar a escola, passar para a faculdade que você quer, conseguir um emprego que você goste e ser bem sucedida.
No tocante ao seu trabalho como babá, vamos ver a denúncia de algo infelizmente mais comum do que gostaríamos: uma mãe que não quer cuidar e dar atenção para a própria filha. De como isso irá afetar Briar. Que foi minha personagem preferida. E de como Emira se apegou a ela. No final, Emira terá uma reviravolta. Mas antes disso, não gostei do que ela fez. Acredito que um erro não justifica outro.
Essa foi uma leitura de certa forma difícil, pois as atitudes dos personagens me incomodaram. E também porque eu senti falta de uma mensagem mais direta que provocasse reflexões para gerar mudanças.
Mas apesar da ressalva, eu recomendo. A narrativa da autora é muito envolvente, consegui ler de uma só vez. Eu ainda aprendi sobre temas que não conhecia e que precisam ser discutidos em nossa sociedade. Esse foi um bom livro de estreia que já alcançou excelentes críticas e foi premiado. Acredito que a autora tem muito potencial e não vejo a hora de ler suas próximas obras.
(Resenha da Bel)
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