Boa Noite!!!!
Mais uma resenha para vocês!!!
O escolhido, dessa vez, foi um livro muito
especial, um romance histórico, protagonizado por Eufrásia Teixeira Leite e
Joaquim Nabuco, no século XIX, pessoas reais, que contribuíram para a História
do Brasil. Não tem como não se emocionar !!!!!
Livro: A
mulher e a Casa
Autora: Eneida
Queiroz
Editora: Baraúna
Páginas: 351
O erotismo elegante e matemático do poema “A mulher e a casa”, de João Cabral de Mello Neto, combina-se perfeitamente com a financista Eufrásia Teixeira Leite. Rica e inteligente, esta senhora de escravos desperta uma paixão inconciliável no abolicionista Joaquim Nabuco. O famoso casal vive uma história de amor entre o Brasil e a Europa, com muitas correspondências, viagens e encontros. Amor que só se concretiza quando os dois equalizam as divergências ideológicas e tornam-se um só sentimento, ainda que por pouco tempo.
Esta é a história que nos conta Desirée, historiadora frustrada com os baixos salários e as poucas oportunidades da carreira. Ao começar a trabalhar na antiga residência de Eufrásia (o Museu Casa da Hera), a protagonista é surpreendida por esse romance e faz uma viagem sem volta ao século XIX, por meio das cartas trocadas entre os dois. Com uma linguagem fácil e repleta de diálogos, Desirée espera que esta história de amor, e do Brasil, fisgue o leitor, como a fisgou.
Não deixem de conferir a resenha!!!!!!!
RESENHA:
A MULHER E A CASA
Existem
livros que nos deixam sem palavras, esse foi um deles. Não há o que dizer, mas
há muito o que sentir!!! É uma história de amor real, muitas vezes interrompida
por atitudes impensadas, pelo orgulho masculino e, principalmente, pela
complexidade da “Senhora de Escravos”.
Hoje a Casa está fechada. Todos se foram. O piso está frio, as
janelas estão emperradas pela ação do tempo. O quarto, antes cheio de vida, com
as promessas de amor que só a ti fiz, agora está escuro, pequeno com a sua
ausência. A sala, antes cheia de música, que só a ti recebeu, agora está muda,
vazia. O corredor, antes testemunha de todos os nossos encontros e
desencontros, agora está tão fundo, que eu me perdi de você. A porta, antes
sinônimo de esperança e dor simultaneamente, por me trazer você e por me
afastar de você, agora está trancada, minha alma silenciou.
Mas nem sempre foi assim.....
Ontem a Casa era jovem. Ainda estava em construção, mas já
possuía fortes alicerces, resultado da criação de seu pai. Suas janelas, de uma
negritude ímpar, desafiavam seu observador com a impetuosidade de uma senhora de
terras e de pessoas. Sua fachada imponente, o instigava a visitá-la, mas os
pudores da religião e da época a impediam de abrir o portão. Seu jardim, um
enigma: terra fértil para as mais belas juras de amor e, no instante seguinte,
para as atitudes mais egoístas. Sua cozinha, a alma da casa, tão independente e
ao mesmo tempo tão presa em sua complexidade, o atraia com seu calor, para
depois o afastar com sua fria corrente de ar. Sua porta, o coração da casa, se
abriu intensamente para ele. Mas ela se sentiu invadida, a ponto de se assustar
com o que não podia controlar. Então, ela foi fraca, recuou, não lutou por ele.
Foi nessa casa que ele quis entrar e
morar. Mas ela o tratou como inquilino, quando na verdade, ele sempre foi o
dono, o único dono.
Amanhã a Casa será aberta e, dessa
vez, definitivamente. A
sua espera, no Túnel do Amor, ele a aguarda ansiosamente. Em suas mãos, ela
carrega as cartas, aquelas que eternizaram o amor deles. Porque não?
Seu
nome é Desirée, uma historiadora. Tentou alguns trabalhos, mas nenhum deles a
deixavam feliz. Foi quando, então, passou em um concurso público para trabalhar
em um museu em Vassouras.
Ela
não podia imaginar que estava indo trabalhar no Museu Casa da Hera. Vocês sabem
o que originalmente foi esse museu? Uma casa construída na segunda metade do século
XIX, que em 1840 passou a ser propriedade da família dos Teixeira Lima, onde
começa a nossa história de amor....
Chácara- Museu Casa da Hera |
Chácara- Museu Casa da Hera |
Mas
antes de falar dela, voltemos a Desirée. Ela ficou extasiada com o que
encontrou, eu também fiquei, por isso vou contar a vocês:
“Além de mobiliário, porcelanas,
prataria, quadros e objetos de uso pessoal e doméstico, o acervo possui uma
biblioteca com cerca de mil volumes e três mil periódicos. Destacam-se também o
piano francês Henri Herz, do século XIX, um dos únicos exemplares em
funcionamento no mundo, e a coleção de indumentárias assinada por mestres da
alta costura internacional, como Charles Worth.” (http://casadahera.wordpress.com/conheca-a-casa/)
Salão Amarelo com o Piano Henri Herz |
Sala de Jantar |
Quem
não sonha com um emprego assim? A função dela, entre outras coisas, era
conhecer a história dos nossos protagonistas: Eufrásia Teixeira Leite e Joaquim
Aurélio Barreto Nabuco de Araújo.
Eufrásia Teixeira Leite |
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo |
Seu
local de trabalho não podia ser melhor, a própria casa em Eufrásia morou com
seus pais. Diariamente, Desirée tinha acesso aos sapatos, vestidos, leques,
casacos, sombrinhas, tudo o que fez parte do vestuário de Eufrásia. Tudo da
alta costura da época. Sem falar que podia visitar os quartos, a tão sonhada
biblioteca (sonhada por mim), as salas...
Salão Vermelho |
Biblioteca |
E,
o que se tornou o meu lugar preferido, sem nem mesmo conhecê-lo: O Túnel do
Amor”.
Bambuzal- Túnel do Amor |
E lá
estavam eles, esperando. Esperando pela nossa visita. Enterradas no Túnel do
Amor, Desirée encontra as cartas enviadas por Quinquim (um dos apelidos de
Joaquim Nabuco) à Dama dos Diamantes Negros (apelido de Eufrásia). E, para sua
maior surpresa, um conjunto de cartas que Eufrásia nunca teve oportunidade de
enviar...
Londres,
1876.
Parecem-me
enigmáticas as tuas cartas, Eufrásia. Isso perturba meu sono, meu dia, minhas
leituras, meus pensamentos, minha respiração. Decida-se para que eu também
possa decidir minha vida. Estou em suspenso, sem poder tocar o céu ou a terra.
Parece que se passam os anos e tu ficas ainda mais indecisa quanto a mim.
Escreva-me e, por favor, assina teu nome. Não tenha medo de mim.
Teu
admirador aberto,
Joaquim
Nabuco.
Paris,
4 de Julho de 1876.
Falei-lhe
com franqueza na minha resposta. Não poderia dizer o que não sabia. Se
pareceu-lhe um enigma assim como as outras minhas cartas, é que então, sou um
enigma eu mesma. É demais a opinião de muita gente que não compreende como eu
não sou a mais feliz das criaturas. Parece que para isso falta ser como todo
mundo.
Para
lhe ser agradável assino-me
Eufrásia.
A
partir desse momento, nós somos convidados, pela autora, a voltar no tempo para
conhecer um romance que tinha tudo para dar certo e ao mesmo tempo, tudo para
dar errado.
Eneida
cita no livro uma frase que, em minha opinião, é exatamente o que acontece
quando lemos o livro:
“Os museus são pontes, portas e
janelas que ligam e desligam mundos, tempos, pessoas e culturas diferentes”
(Museólogo Mário Chagas).
Ela
ainda diz que Desirée já se encontrava do outro lado e foi exatamente o que
aconteceu comigo, eu fui com ela:
“Meu
Nabuco”, como carinhosamente é chamado por Desirée, foi entregue por seus pais a
seus padrinhos, quando ainda era um bebê. Criado em um engenho, no meio de
escravos e tratado como rei, por sua madrinha, Quinquim, como eu gosto de
chamá-lo, já em sua infância apresenta indícios do homem que viria a ser um
dia: um abolicionista!!!
Com
a morte da sua amada madrinha, a quem ele considerava uma verdadeira mãe, foi
morar com seus pais, com quem nunca teve contato antes. Em casa de jurista e
político, seu pai- José Tomás Nabuco de Araújo Filho-, aprendeu rapidamente
como se portar em sociedade.
E
logo se transformou em um belo homem, um sedutor. Acreditava que “uma lembrança”
seria aquilo que uma mulher poderia dar de melhor a um homem.
Senhora
da elite, dona de escravos, Eufrásia Teixeira Leite, foi criada por seu pai,
Joaquim Jose Teixeira Leite, na falta de um filho homem, para administrar sua
fortuna e ser independente, contrariando os costumes da época.
Uma
mulher forte, inteligente, que rapidamente aumentou o patrimônio da família.
Uma mulher de enxugar as próprias lágrimas.
E,
então, ele a encontrou e pareceu ser fácil amá-la. Mas ele estava enganado,
tudo em relação a eles foi difícil. Ela, mulher de negócios, indomável. Ele,
homem do mundo, um poeta, escritor, historiador.
Longos
14 anos, esse foi o tempo que ele deu a ela, marcado de encontros e
desencontros, da parte dos dois. A eternidade, esse foi o prazo que ela deu a
ele, a quem se manteve fiel até seu último suspiro.
Um livro muito especial,
que eu vou guardar como um presente delicado, valioso. Foi um privilégio da
minha parte, poder invadir sua “Casa” Eufrásia e partilhar dos seus anseios
mais íntimos. Só lamento pelas cartas de Nabuco nunca terem sido encontradas.
“O verdadeiro patriotismo é o que concilia a
pátria com a humanidade.” ( Joaquim Nabuco)
“A nossa constituição não é imagem dessas catedrais góticas edificadas a
muito custo e que representam no meio da nossa civilização adiantada, no meio
da atividade febril do nosso tempo, épocas de passividade e de inação; a nossa
constituição é pelo contrário de formação natural, é uma dessas formações como
a do solo onde camadas sucessivas se depositam; onde a vida penetra por toda a
parte, sujeita ao eterno movimento, e onde os erros que passam ficam sepultados
sob as verdades que nascem.” (Trecho de um discurso de Joaquim Nabuco - http://www.historiabrasileira.com/biografias/joaquim-nabuco/)
Eufrásia e Nabuco foram importantes
personagens da nossa história. Não deixem de conhecer mais um pouco sobre eles:
Texto
de Eneida Queiroz:
Sites:
O
CANTINHO PARA LEITURA DESCOBRE: ENEIDA QUEIROZ
Ela é a
quarta filha de dois economistas, é graduada e mestre em história pela
Universidade Federal Fluminense (UFF). Natural de Niterói, Rio de Janeiro,
mudou-se para Brasília em 2008. Foi professora de história e atualmente é
servidora no Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC). Atraída pela ficção
desde a infância, Eneida é apreciadora dos romances históricos, sobretudo
quando abordam a história do Brasil.
Onde
comprar:
Facebook:
Amei sua resenha Cila! Super completa e empolgante!
ResponderExcluirAinda não conhecia o livro e nem a autora, mas a dica já está anotada e assim que tiver a oportunidade, pegarei para ler. Bjus
Lia Christo
www.docesletras.com.br
Oi Lia,
Excluiressa foi a resenha mais difícil que eu já fiz, realmente me deixou sem palavras. Eu adoro romances históricos, e esse foi real.
Um livro muito especial para mim. Tomara que você goste também.
beijos.
Cila- Leitora Voraz
Nossaaa ótima resenha, não conhecia ainda o livro.
ResponderExcluirBjs
http://eternamente-princesa.blogspot.com.br/
Oi Luiza,
Excluirque bom que gostou da resenha. Se tiver oportunidade de ler, não irá se arrepender.
Beijos.
Cila- Leitora Voraz
Nossa o livro me transmitiu exatamente o que você resenhou é como se junto com a Desire nós estrássemos na casa/vida de Eufrásia. Adorei a parte que você disse que ele deu 14 a eles, enquanto ela deu a eternidade, muito tocante a sua percepção! :)
ResponderExcluirbeijos flor
http://livrorosashock.blogspot.com.br/
Oi Ana,
ResponderExcluircomo eu disse esse livro é para sentir, não há palavras para dizer. Mesmo assim, se com a minha tentativa eu consegui tocar você, fico muito feliz.
Beijos.
Cila- Leitora Voraz
Eu, assim como a Ana de Cássia, também amei essa parte que diferencia os 14 anos da eternidade! =)
ResponderExcluirO livro tb pode ser comprado em formato ebook, pela Saraiva. É mais barato e é na hora: http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/4953459
Oi Eneida!!!
ExcluirComo falei por e-mail, agradeço a você ter confiado sua história a mim. Definitivamente, foi um presente!!! E saber que você gostou do que eu escrevi, é muito gratificante para mim.
Sucesso na carreira que só está começando e tem tudo para brilhar!!!!
beijos.
Cila- Leitora Voraz
Adorei a resenha e já anotei a dica. Me interesso muito por livros com personagens reais, a história se torna muito mais humana e verossímil.
ResponderExcluirParabéns pelo blog.
Books and Movies
@BooksAndMovies_
Oi Jessica,
Excluirconcordo com você. Imagine a emoção de visitar a Chácara? De entrar na casa em que ela viveu? De visitar o Túnel do Amor? De poder tocar nas roupas que ela usava?
Beijos.
Cila- Leitora Voraz
Parabéns pela resenha e pela escolha das fotos
ResponderExcluirPah
Lendo e Escrevendo
Oi Pah,
Excluirobrigada pelo carinho. Eu fiquei com tanta vontade de conhecer o lugar, que resolvi compartilhar um pouco dessa emoção.
Beijos.
Cila- Leitora Voraz
Oi, não conhecia esse livro,mas adorei conhece-lo, e a tua resenha esta ótima!
ResponderExcluirBeijos.
http://www.garotadolivro.com/
Oi Katrine,
ResponderExcluirFico tão feliz quando gostam da minha resenha, obrigada. Se tiver uma oportunidade, leia o livro, você irá gostar.
Beijos.
Cila- Leitora Voraz
Achei o livro muito interessante, me deu vontade de ler ele.
ResponderExcluirAdorei a resenha.
Beijos
Marina
http://btocadoslivrom.blogspot.com.br/
Oi Marina,
ResponderExcluirque bom que gostou da resenha e principalmente, que bom que quer ler o livro. Vale a pena!!!
Beijos.
Cila- Leitora Voraz